Viajando para Tóquio

viajando para Tóquio

Nunca imaginei que iria pro Japão, mas isso aconteceu, e foi incrível.

Pra quem cresceu assistindo animes como Dragon Ball Z, Pokémon e tantos outros, é difícil não ter vontade de ir pro Japão conhecer Tóquio, comer um daqueles bolinhos de arroz, ver pessoas com cabelos coloridos e, com sorte, presenciar uma batalha de robôs gigantes.

gundam Tóquio
Eles existem! Estátua de 18 metros do Gundam e o Asimo, o robô humanoide mais avançado do mundo.

Mas viajar pro outro lado do mundo não é nada barato, então quando uma passagem que normalmente custa cerca de R$ 3.600 tá em promoção por R$ 1.600 (com taxas!), não dá pra deixar passar. E foi assim que, sem nem cogitar ir pro Japão nos próximos anos, eu e a Maria fomos passar 9 dias em Tóquio. Essa promoção precisava ser utilizada ainda em Junho, então foi correria pra conseguir o visto (sim, precisa de visto pra visitar o Japão), organizar o roteiro da viagem, hospedagem, comprar Ienes… Mas deu tudo certo e entre aeroporto, conexão em Abu Dhabi, mais voos, aeroporto e trem, 30 horas depois chegamos na terra do sol nascente.

viajando para Tóquio

E olha, é a terra do sol nascente mesmo, porque mesmo anoitecendo por volta das 21h, 4 da manhã parecia 4 horas da tarde de tão claro! O que é bom na hora de voltar pra casa, já que se você pretende ficar na rua após a meia-noite, se prepara pra andar ou pegar um táxi, já que as estações de trem/metrô fecham antes desse horário; algumas, como a que ficava na esquina da nossa casa, fechavam às 22h! Mas, por sorte, estávamos hospedados a uns 15 minutos caminhando de um bairro (ou distrito, já que é uma confusão essa definição por lá) chamado Roppongi, muito famoso pela nightlife, restaurantes e muita gente. Nas nossas pesquisas de “o que fazer em Tóquio”, Roppongi apareceu como uma tourist trap, e olha, não poderiam estar mais certos. É tudo muito caro, na frente dos bares e baladas tem promoter querendo te arrastar lá pra dentro, olha… Mas estamos em Tóquio, tem que conhecer os lugares né. Ainda bem que, depois de muito procurar, encontramos um pub inglês chamado Hub Pub, numa transversal da rua principal. Bem pubzão, música dos early 2000s, e a cerveja mais barata que encontramos, o que não quer dizer muita coisa, já que 700 ienes (aproximadamente R$ 25) numa pint não é aquilo tudo.

Bom, com um pub inglês na agenda e um hambúrguer de jantar na noite anterior (Authentic Burger, várias dicas de ser um dos melhores de Tóquio, e era foda mesmo, Red Hot Garlic Burger e Blue Cheese with Jam), por enquanto não parece que estamos em Tóquio. Mas antes do pub a gente foi num sushi bem elogiado em Roppongi, o Sushi Zanmai, mas nem vale a pena fazer propaganda porque não era muito bom não. Mas depois eu falo sobre a comida em Tóquio, porque quando eu falei que estávamos hospedados a 15 minutos de Roppongi, é porque nós ficamos em Minato, pertinho da estação Tameike-Sanno. Como não poderia deixar de ser, usamos o Airbnb. Vou te falar que eu pesquisei vários hotéis em Tóquio e o mais barato que encontrei era R$ 360 a diária, e relativamente fora do “miolo” central. No Airbnb pagamos R$ 225 por noite, e num apartamento perfeito, preparado pra turistas ocidentais. Ainda vinha com um modem wi-fi (pra usar na rua) que eu gastaria no mínimo mais uns R$ 200 pra alugar. O Airbnb é bom também porque raramente você encontra o dono do lugar (eu sempre pego o lugar inteiro, sai um pouco mais caro, mas acho melhor), que deixa a chave na caixa de correios pra você e pronto. Se não tem conta ainda, clica aqui pra fazer (e ganhar R$ 70 de bônus), e pra quem quer usar em Santa Catarina, a Maria escolheu 10 lugares bem bacanas.

airbnb Tóquio

Voltando pra Minato: o seu melhor amigo no Japão são as lojas de conveniência, essas 7-Eleven da vida. Aparentemente Tóquio não tem supermercado, no máximo uns mercadinhos que não são dos mais baratos (já deu pra ver que isso vai se repetir no nosso relato de Tóquio, né?). E como é através de muita caminhada que você vai conhecer Tóquio, essas conveniências (e tantas outras: Lawson, Family Mart) salvam a vida na hora de manter o corpo hidratado (a cerveja japonesa é ótima, e uma bebida chamada Strong que tem 9% de teor alcoólico, melhor ainda) ou então fazer um lanche. Uma dica: compre o bolinho do Goku. É muito bom! Ah, a cerveja custa em média 200 ienes. Uma manha que eu aprendi pra converter rapidamente de iene pra real é cortar os dois últimos dígitos e multiplicar por 3.5 (assim: Y 1000 x 3.5 = R$ 35).

sushi Tóquio

Mas vamos esquecer esse negócio de converter que me dá até uma tristeza, vamos falar de coisa boa: comida! Já perguntaram várias vezes pra gente “E a comida? Como pedia comida?”. Olha, quando dizem que a galera não fala inglês no Japão e que a comunicação é difícil, não é brincadeira! É raríssimo encontrar alguém que consiga se expressar em inglês. Mas sobrevivemos, tem vários lugares que possuem cardápio em inglês (apesar que somente o nome do prato é traduzido) e quase todo restaurante tem uma vitrine na frente com uma réplica em plástico dos pratos que eles servem. Essa barreira cultural foi o único ponto negativo do Japão, pois acaba privando o turista de algumas experiências locais, mas faz parte. Acho que a comida mais “diferente” que provamos foi a enguia, que não era ruim, mas não vejo motivos pra comer novamente. Outro prato comum por lá é o Udon, um macarrão servido na sopa, parecido com o Ramen, mas ao invés do macarrão “miojo” ele é mais parecido com um fettuccine. Também comemos uma vez no Subway e uma no McDonald’s pra provar o sabor diferentão de camarão com abacate.

Só que não dá pra falar do Japão sem falar em sushi, essa iguaria maravilhosa. E como é de praxe, a versão brasileira é melhor! Não sei dizer o motivo, pode ser o costume, paladar, sei lá… mas o do Brasil é melhor. Com exceção do atum, claro. O atum gordo, então, caramba… Um lugar bom e com preço camarada que fomos foi o Sushi no Midori, perto de casa. Lá tinha uramaki também (maioria se limita ao niguiri), só era meio difícil pra comer um sushi do tamanho de uma bola de golf haha.

Tóquio ramen
Ramen; Enguia. Detalhe pro copo de chá, que os restaurantes dão de graça mesmo.

Mas o prêmio de melhor comida no Japão vai pro Ramen (ou Lamen). É macarrão num sopa com shoyu, lombo suíno, ovo cozido, alga e outros temperos que fica uma delícia. Não é fácil comer macarrão de palitinho (como eles não usam garfo ainda?!), mas logo acostuma. Na lista de saudades do Japão, o Ramen fica no Top 3. Nosso primeiro encontro foi em um restaurante no quinto andar do Decks Tokyo Beach, um dos vários shopping centers em Odaiba, que é uma ilha artificial ontem tem a Rainbow Bridge, uma praia artificial, uma estátua da liberdade (because reasons) e a estátua de 18 metros do Gundam, lá do começo do post. Não deixe de visitar o Sega Joypolis, um parque de diversões indoor. Mostrando o passaporte você tem desconto na entrada (que fica Y500), e lá dentro o Half Pipe (Y800) é imperdível.

É em Odaiba também que fica o Museu Nacional de Ciência Emergente e Inovação, que custa Y620 pra entrar mas vale muito pena. Além de assistir uma apresentação do Asimo e conhecer alguns androides, lá tem uma réplica da ISS que você pode entrar, tem uma demonstração prática de como funciona a internet, tecnologias em experimento como tecidos que conduzem eletricidade… sério, é demais.

Tóquio museu
Dorme com essa imagem te aterrorizando.

Pra se transportar entre os bairros não tem erro, Google Maps e metrô. Tem uns cartões semanais aí pra usar, mas como ficamos somente em Tóquio, não vi necessidade. O ticket (em média Y170 por viagem) era fácil de comprar nas maquininhas (com opção de idioma) e o trem em si é de boa. Tóquio é bem aquilo que você ouve por aí, de que funciona no horário, o pessoal fica quieto de cabeça baixa no seu celular, todo mundo anda devagar pelo lado esquerdo (lá é mão inglesa) e rápido pelo direito… É curioso, bem diferente do caos diário que estamos acostumados. Vale a pena mencionar também algumas diferenças culturais como poder fumar dentro do restaurante, o fato de todos os funcionários gritarem oi e tchau pra você nas lojas e restaurantes, as propagandas bem humoradas do jeito que você esperaria no Japão,  e os extremos entre os vasos sanitários: enquanto alguns locais possuem apenas um buraco no chão, outros contam com o assento aquecido, música, jato d’água, de ar e até wi-fi.

Tóquio banheiro

Não foi fácil montar um roteiro pra Tóquio, muito do que a gente leu online chegou na hora não era legal, então o “meter a cara” trouxe boas surpresas. Eu diria que dá pra separar um dia pra cada bairro principal e conhecer bem Tóquio. Fica aqui um roteiro de sugestão dos outros bairro principais (além de Odaiba e Minato/Roppongi):

Tsukiji, Ginza e o Palácio Imperial: Tsukiji é o famoso maior mercado de peixe do mundo, cheio de atum gigantescos e outras espécies estranhas. Ali perto tem um sushi ótimo e bem barato (take away only), o Chiyoda Sushi. Ginza tem o ótimo Sony Building (6 andares de futuros lançamentos) e o parque do Palácio Imperial é o mais bonito que vi no Japão.

Akihabara: o bairro pra nerds e otakus. Muita loja, muita coisa, muito legal. Muito caro também. Lojas famosas como Gamers e Mandarake não tinha muita coisa dos animes mais famosos por aqui (até porque, a vida segue no Japão, né), e o Tokyo Anime Center também não tinha nada de bom. Mas Super Potato é bem legal, com muita coisa antiga, são 3 andares (como é comum no Japão e o seu espaço limitado). Lá também comemos num restaurante que é bem recomendado, o Coco Curry House, mas achei carinho pro que oferece, nada demais. Ah, não deixei de visitar a Yodobashi, são vários andares e vende de tudo por lá.

Ueno: É aqui que fica o templo budista mais antigo de Tóquio(fundado em 628!), o Sensoji. Como é um estação que liga ao aeroporto, o lugar é bem turístico, com bastante lojinhas de lembrancinhas. Como não tem muito o que fazer, é bom ir depois de uma noitada curtir a ressaca.

Ikebukuro: Deixe pra visitar os arcades de Tóquio quando for pra Ikebukuro, já que não tem muuuito o que fazer. No shopping center Sunshine City tem uma estátua do Ultraman e o Pokémon Mega Center Tokyo (que não é tão mega assim). Lá dentro também tem o Namja Town, um parque de diversões indoor que, de fora, me pareceu que o público-alvo eram crianças. É lá dentro que fica uma loja com 50 sabores diferentes de sorvete (inclusive língua de boi, ostra e outros), mas era caro pra entrar, então não deu. O KitKat Chocolatory é outro destino que você encontra em vários roteiros por aí, mas é só uma lojinha do chocolate, tipo uma boutique. Não faça como eu que inventei de ir até o Hotel Chinzanso pra ver o show de vaga-lumes – o hotel é o mais foda que eu já entrei na vida, mas os três vaga-lumes que deram as caras não valeram a viagem.

Shinjuku: essa é a estação de trem e metrô mais movimentada do mundo. É aqui também que fica o New York Bar, onde foi filmado Lost in Translation (mas, obviamente, é muito caro). Muitas lojas. Coma chicken wings enquanto bebe Shochu no Sekai No Yamachan Shinjuku Yasukuni Doori (isso é o nome de um restaurante), depois passeie pelo Kabuki-cho (o distrito da luz vermelha) e pela frente do Robot Restaurant, e no caminho pra estação pra voltar pra casa, não deixe de passar na Memory Lane e comer um espetinho Yakitori.

Harajuku e Shibuya: Harujuku tem um templo famoso, o Meiji Shrine, no Yoyogi Park. E logo ao lado tem uma ruazinha bem famosa pra quem gosta de fazer compras, a Takeshita street. Diz a internet que ali é onde nasce as próximas tendências da moda. De lá vá pra Shibuya, principalmente se estiver anoitecendo, de encontro aos milhares de painéis luminosos e muitas, muitas lojas. Aproveite pra comer um Ramen no Nanashi, e uma dica boa pra presenciar o “cruzamento mais movimentado do mundo” é ir no Starbucks que tem bem na frente e assistir tudo de camarote, do 3º andar. É ali também que fica a estátua do cão Hachiko.

Tóquio shibuya crossing

Bom, esse post serve pra contar pros amigos o que fizemos por lá e espero que sirva de alguma ajuda pra um futuro viajante. Tóquio foi uma experiência incrível, se um dia você tiver oportunidade, não perca!

3 comentários em “Viajando para Tóquio”

  1. Muito bom o relato de sua viagem, com certeza ajudara outra pessoas que tem vontade de visitar também.
    Parabéns

  2. Lembro de ir até o New York Bar, dar uma de João sem braço pra ver a viabilidade ($$$) de comer algo lá e sair frustrado =(

    No mais,
    Excelente post, vai ajudar bastante os futuros viajantes que visitarem a terra do sol nascente!

  3. Pingback: A Tailândia é logo ali - Escarlatte

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